domingo, 27 de maio de 2007

Quem me leva os meus fantasmas...

Tem alturas para tudo, como costumo tantas vezes dizer... para brincar, para pensar, para sexo, para rir, para chorar... tem também alturas em que nos lamentamos sobre a nossa vida sempre que enfrentamos alguma contrariedade, seja ela mais ou menos forte ou séria.

Não são adepto do "com o mal dos outros posso eu bem", numa perspectiva miserabilista; prefiro pensar na sorte que tenho em apenas me ter vindo a deparar com problemas que, para mim, podem assumir, na altura, proporções catastróficas mas de que nada valem perante dramas realmente sérios, tais como saúde, miséria real, sobrevivência; aí, com um pouco de reflexão, penso pela positiva, tipo "sorte a minha que tive em ter partido um braço e não dois" ou então "daqui a uns tempos, vais olhar para trás e sorris-te pensando que não teria valido a pena sofreres como sofreste".
Creio sim que, regularmente, caímos na tentação de olharmos apenas para o nosso umbigo esquecendo tudo o que vai pelo mundo; as suas misérias, as suas vergonhosas e constantes lutas pelo poder, ao ponto de quase tudo nos ser já tão indiferente... e, numa outra escala, no nosso dia-a-dia, ao nosso lado, no trabalho, em casa, com os amigos/conhecidos, acaba por não ser muito diferente.
Falo na regra e não na excepção, claro...felizmente, muitos de nós têm um vida interior rica e consequentemente, seguros de si, cujas preocupações não passam apenas por falar deste ou daquele com críticas gratuitas associadas.

Vem tudo isto a propósito do Pedro Abrunhosa e o seu poema/música "Quem me leva os meus fantasmas", dedicada aos sem-abrigo. Claro que muitos poderão dizer "tivessem trabalhado ou se esforçado como eu o fiz" mas tantas vezes e por diversas razões, a vida é madrasta...
Esta música vai ser incluída num novo cd de nome "Luz" com temas de ordem social, estética e humana e que aguardo com grande expectativa.
E quanto aos nossos fantasmas ? Quem os levam ? Creio que apenas nós próprios...

quinta-feira, 17 de maio de 2007

O lado escuro da mente...

Esta reflexão que aqui coloco hoje foi o meu segundo post e que sempre o achei muito especial. Por saber que raramente os post mais antigos são lidos e por ter uma grande vontade de o partilhar com todos, coloquei-o hoje aqui, como post mais recente.
Quanto a mim, fez-me pensar um pouco mais na forma de compreender as pessoas e aceitar, mais facilmente, as nossas naturais fraquezas, características da condição humana...
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Há tempos atrás, tive a sorte de me deparar com um texto - que a seguir transcrevo - no já desaparecido Independente e que, desde então, tem funcionado um pouco como semáforo - com suas luzinhas verde, amarela e vermelha - para regular o trânsito das minhas emoções, evitando assim alguns desastres que, de outro modo, poderiam ter ocorrido, desastrosos e desnecessariamente. Sendo eu uma pessoa de paixões fortes que a vida não tem conseguido suavizar, vi, subitamente, surgir à minha frente um espelho no qual se reflectia uma expressão um pouco incrédula, marota mas sorridente, como se me apontasse um dedo, dizendo: "vês, menino... descansa... afinal não tens razão para te sentires assim tão mal quando dizes uma mentirinha ou omites alguma coisa... só não podes é abusar ao ponto de ferires os sentimentos de alguém..." Dá para reflectir e procurar o nosso espelho, não é ? _________________________________________________ 

O lado escuro da mente

- Na história infantil do Pinóquio, o menino/boneco de madeira não teve muita sorte. A moral que o conto quer revelar até é muito positiva, mas a verdade é que se o nariz crescesse a todos os que mentem ou têm por hábito omitir alguns factos, quantos não andariam a esconder o nariz ou desejariam ficar sem ele. O director do Instituto de Ciências Cognitivas e Psicologia Evolutiva da Universidade de New England, nos Estudos Unidos, refere mesmo que a mentira faz parte do ser humano e não há como desencorajá-la. E nem precisamos de abrir a boca. Isto é, basta maquilhar-nos ou adotarmos atitudes diferentes das que temos diariamente, ou então ocultar alguma informação importante que acaba por mudar todo o rumo de uma tomada de decisão. Em qualquer um destes momentos, na opinião do especialista norte-americano, estamos a representar e a esconder o nosso verdadeiro "eu". E a culpa é da própria sociedade, da tal selecção natural que é imposta e exigida com toda a naturalidade. As máscaras. Autor do livro "Porque mentimos?", o especialista vai longe na sua análise e conclui que os mais fortes são quem mais mente. Surpreendido ? Talvez não. E sabe porquê ? "Os humanos mentem porque é uma das suas características básicas. Por conseguinte, a mentira também acaba por pôr em evidência a capacidade intelectual individual e o poder que temos de convencer e persuadir os outros", afirma David Livingstone Smith. No dia-a-dia, a experiência fala por si. "Não é a primeira vez que o meu chefe me pede ajuda para preparar uma apresentação. Como é óbvio, deixo tudo para trás, porque os prazos dele são sempre muito apertados. Escusado será dizer que, depois de tanto trabalho, muitas vezes nem recebo um obrigado, quanto mais uma nota de agradecimento pública", conta António R., funcionário público. Clara A. prefere narrar um caso de vida pessoal."Não entendo porque se continua a valorizar mais as pessoas que andam cheias de peneiras a mostrar os telemóveis topo de gama ou as vestimentas de marca do que quem realmente se preocupa com os outros", refere ao "Saúde". Mas a dúvida mantém-se: porque mentimos? "Para obter algum benefício, poder, "status", dinheiro ou sexo. A mentira ajuda-nos a conseguir aquilo que desejamos, mediante a manipulação e a exploração dos outros", continua o psicólogo numa entrevista ao "El Mundo". Daí, avalia, "os maiores mentirosos são quem melhor joga na tabuleiro da vida". Bonzinhos para quê? Por isso a mentira surge de forma tão espontânea que deixa todos de boca aberta. E o hábito por vezes está de tal modo entranhado que a mentira sai inconscientemente. "De facto, a questão de ser-se mais ou menos honesto para conseguirmos vencer é algo que o indivíduo constrói ao longo da vida. Isto é, tornamo-nos adultos menos honestos se em criança nos educarem sem valores e sem a noção da honestidade", diz ao "Saúde" Sónia Neves, psicóloga clínica. Apesar de este ponto de vista ter coerência, facto é que toda a sociedade ruma no sentido de considerar normal a mentira. "Qualquer pessoa que não seja capaz de mentir está em clara desvantagem. Por incrível que pareça, essa pessoa tem todas as hipóteses de não conseguir lidar com a sociedade e auto- marginalizar-se", opina David Livingstone Smith. Não querendo fazer apelo à mentira leviana nem à inteligência maquiavélica, na realidade o psicólogo avalia que a sociedade seria enfadonha se todos fôssemos sérios uns com os outros. "A vida social tal como a conhecemos sofreria um colapso. E aqui reside o curioso: todos desejamos ser livres para mentir mas não queremos ser vítimas dela. Por isso dizemos aos outros que sejam honestos e depois fazemos o contrário", acrescenta. Por isso, conclui que o melhor é deixarmos de ser hipócritas: "É mais sensato fazermos um uso comedido da mentira do que ser demasiado honestos". ___________________________________________________

 O complicado, depois de ler este texto, é conseguir objectivar, graduando, uma palavra de tão forte subjectividade como "comedido" !!!!! :)))))

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Privacidade... onde começa e acaba...

Felizmente, ao longo da vida, tenho vindo a afastar, progressivamente, todos os fantasmas resultantes de uma educação tradicional, católica e característica da sociedade ocidental em que vivemos. Não tem sido fácil mas muito bom; costuma-se dizer que tudo o que é fácil não tem muita gracinha e é uma grande verdade. De todo este exercício, a parte mais complicada tem sido tudo o que se relaciona com a condição humana, de tão complexa que é, e principalmente quando se pensa nas relações entre as pessoas; podem elas ser de amigos, familiares, amantes, amizades coloridas, namoros, casamentos, swingers, whatever... Aprendi, com o tempo, a respeitar, tolerar e a aceitar esta condição humana no seu todo: sua forma de pensar, seus gostos, seus hobbies, sua individualidade, suas fraquezas, seus pecados, suas mentiras, sua privacidade, mesmo e principalmente, em relação a quem possa sentir maior proximidade. Na maior parte das vezes, caímos na tentação de tentarmos sugar a privacidade da pessoa com quem partilhamos o nosso dia-a-dia, por nos acharmos com tal direito; talvez tenha a ver com o sentimento de posse, de pensarmos que o que é "nosso" não deve encerrar, para nós, qualquer segredo. Mentira ou omissão será considerada como coisa intolerável - pensamos nós - apenas para os outros, esquecendo-nos que tantas vezes somos nós próprio a fazê-lo (como escrevi num post "O lado escuro da mente"). Claro que não defendo, definitivamente, que numa relação entre duas pessoas, qualquer que ela seja, a mentira ou omissão - independentemente do seu grau - façam parte do quotidiano. Uma relação, para ter sucesso, tem que ser baseada, entre outras coisas, na partilha e cumplicidade, independentemente das consequências que daí possam surgir. Mas tem uma questão que, para mim, representa, ainda hoje, uma dúvida metódica e que não sei se alguma vez a conseguirei entender ou ultrapassar: - Onde começa e acaba a privacidade de cada um de nós ? Todos nós temos a nossa individualidade , privacidade, como seres únicos que somos. Costumo dizer que estamos sós nos nossos três mais importantes momentos da vida: nascimento, orgasmo e morte. Sei que, quanto ao orgasmo, poderá ser um pouco discutível, principalmente quando se fala de sexo associado ao amor; mas aqueles décimos de segundo ou segundos, em que sentimos toda aquela energy draining out, não se consegue pensar em nada a não ser estarmos entregues a nós próprios, completely loose... O que devemos partilhar, por nossa iniciativa ? tudo o que nos vai acontecendo no dia-a-dia? o cruzar de olhares que possamos ter tido com um/uma desconhecido/a sem nada ter significado e que, fazendo-o, sabemos poder ferir susceptibilidades? um prazer que alguém nos provocou, momentâneo, mas que não substitui nem se aproxima, de forma alguma, da pessoa que gostamos ? uma pequena ou grande traição ? um jogo de flirt com alguém com quem aconteceu conhecermos? um/a amigo/a de trabalho ou não... mesmo uma sessão de sexo com alguém que não teve qualquer importância para além do sexo itself? Quantos divórcios/separações temos assistido por razões "menores" e a que chamam infidelidades? Será que um grande amor merece ser perdido por tal razão ? Por tudo isto, continuo a não saber...a que temos direito de manter apenas como apenas nosso... onde começa e acaba a privacidade de cada um de nós...

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Intermezzo 2

Mas que poder de síntese !!!

Nota máxima

Numa Faculdade de Filosofia foi proposto o seguinte trabalho:
Aborde, da forma mais concisa possível, os três seguintes domínios:
1 - Religião
2 - Sexualidade
3 - Mistério

O texto vencedor, classificado com 20, foi o seguinte:
"Meu Deus, estou grávida! Mas quem é o pai?"

segunda-feira, 7 de maio de 2007

I'm mad as Hell and I'm not gonna take this any more !

Este último domingo e a propósito das eleições na Madeira, soprei vezes sem conta, já de tão farto que estava de ouvir argumentos de um lado e de outro, queixinhas(chamam-lhe política!) uns dos outros... soprei também ao lembrar-me de ter lido no mês passado que agora os países fornecedores de gás natural (o tal gás canalizado que nos obrigaram a ter nas nossas casas há poucos anos) também querem, sob proposta do Irão (olhem quem !!!!!), formar um cartel que lhe permitiria ter a força que a OPEP tem(fornecedores do petróleo) junto dos países mais desenvolvidos e assim fazerem a chantagem que sabemos...soprei também por todos falarem do Tempo que está a mudar e pouco se vai fazendo... soprei ainda também por saber que a China, hoje em dia, já ultrapassou os USA em termos de poluição... soprei por muitas razões.
Aí, lembrei-me de um filme que já vi bastantes vezes na televisão, de 1976, e que se chama Network. Cêrca de 30 anos se passaram e continua tão actualizado. Coloquei aqui a cena mais emblemática (I'm mad as hell and I'm not gonna take it any more) que, por certo, muitos de vocês terão já visto...
Só me apetece fazer "grrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr" :)