domingo, 21 de outubro de 2007

This Wheel's on Fire...

A música sempre teve uma influência fortíssima no meu estado de espírito, como aliás deve acontecer com todos vós; ora ouvimos uma música romântica e ficamos todos derretidos para o resto do dia, apetecendo distribuir free hugs por tudo o que é sítio, ora ouvimos algo devastador, acelerativo, que nos toca nas entranhas e a mente entra e mantém-se em ebulição até passar por uma tempestade que, depois, nos conduza à calmaria. Se a isto juntarmos aqueles dias em que, independentemente da música, nos sentimos muito inquietos (será da lua?), bem... aí está tudo estragado, felizmente...as energias que temos cá dentro parecem que rebentam e, que remédio, temos que lhes abrir as portas...

Vem isto a propósito de há dias ter acordado bastante inquieto e, como se não chegasse, recordando a Julie Driscoll - uma menina que chamou a si a versão, já com uns bons aninhos, do Season of the Witch do post anterior - na sua Wheel's on fire...

Começava ela dizendo If your memory serves you well... e não é que acertou? Tanta coisa que me veio à cabecinha... um dia em que não acertava com nada a não ser apenas... you know...

Tem alturas assim... e quando acontece, realmente, o melhor é deixarmo-nos ir...afinal, não é todos os dias que nos sentimos em estado de this wheel's on fire...

E assim ficamos com um belo dia para recordar, mais uma pequena peça deste grande puzzle que é a Vida...:)

sábado, 13 de outubro de 2007

Please to meet you...

Tela de Rafael Olbinski

Homem versus Mulher,
É algo intemporal e genético...
(como diz e bem um amigo meu)
Independentemente da raça, estado ou credo,
Numa realidade evolutiva,
A que nem as rígidas leis da gravidade resistem...
In saecula saeculorum.
Amen.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

O meu Truman Show

Gaiola dourada... rotina despreocupada... um bom dia, boa tarde, boa noite, que, diariamente, misturo com um sorriso de plástico e que desejo a todos que comigo se cruzam, dia após dia; nada me falta e tudo me falta, ; penosamente, ano após ano...
Os minutos, as horas, os dias, os anos, estranhamente artificiais, repetidos. Será que o mundo é isto? Será que a Vida não passa de um acordar - deitar, troca de bons dia-tarde-noite, ditos sob o deslizar de pesadas engrenagens oleadas e silenciosas ? Não acredito! Terá que haver muito para lá deste pequeno espaço onde vivo...
Sinto que estou a ser controlado, numa gaiola dourada. Não quero. Quero sim fugir, para as minhas ilhas Fiji. Fujo mesmo que, para isso, tenha que passar o cabo das tormentas. Tenho medo? Sim, tenho, mas mais medo tenho de ficar nos bons dias, boas tardes, boas noites, de todos os dias...
E entro no meu veleiro e sigo pelos mares, para as minhas ilhas Fiji... sempre em frente... Apanho tempestades, a frágil embarcação volta-se, quase que me afogo, resisto, volto à luta e sigo em em frente. Até que chego ao fim do mundo. O veleiro embate contra uma parede e imobiliza-se. A partir dali, é o vazio, o desconhecido, a incerteza. Bato naquela parede, desesperadamente. Sem resultado. Será que tudo acaba aqui? Não acredito. E procuro novamente, em todas as direcções.
No meio daquele mar, encostado à parede do fim do mundo, encontro um caminho que me leva a umas escadas e uma porta onde tem escrito "saída". "Saída"? penso eu... fico a olhar, imóvel... e agora...? que faço...? vim até aqui... agora não vou parar... vou sair sim...para onde? não importa. Eu quero... e vou...
É nesta altura que ouço uma voz vindo do céu, como que um trovão... quem é? aí entendo...é o meu criador, que tem controlado os meus passos, a minha vida...
Não vás, diz-me ele... volta para trás, para a tua gaiola dourada... não sabes o que está para lá daquela porta...
Fico, por momentos, imobilizado, confuso, com algum medo. Olho para o meu passado, penosamente igual, e penso no futuro. Não o quero assim não. Quero ser eu a procurar e a viver a minha vida.
Abro a porta e saio para entrar para as minhas ilhas Fiji, algures...
O mundo que assiste, à distância de um televisor, rejubila. Queria estar no meu lugar. No entanto, mantém-se acomodado nos seus bons dias, boas tardes, boas noites, sempre iguais. Rejubilam por mim. Minutos depois, mudam de canal. É mais cómodo.
Já longe, mais tarde, na minha suposta liberdade, nas ilhas Fiji, interrogo-me: e será que, mesmo aqui, terei um outro destino traçado por um criador, este sim, perfeito, e ao qual não posso fugir? Onde será, afinal, o fim do mundo...?
(O meu Truman Show...que pode ser de todos...)

sábado, 6 de outubro de 2007

Depressa se vê que são muitas as armadilhas no caminho da lógica...

Hoje volto a um livro, para mim, fabuloso, Tertúlia de Mentirosos, que reúne contos filosóficos do mundo inteiro, agrupados temáticamente.
Hoje, conto-vos dois deles no campo da lógica e armadilhas que por vezes ela encerra.
Caminhar à chuva
Um homem - conta uma tradição chinesa - caminhava lentamente à chuva.
Um outro, que ia a passar depressa, perguntou-lhe:
- Porque não andas mais depressa?
- Lá à frente também chove - respondeu-lhe o homem.
O remédio inútil
Uma outra história europeia apresenta um homem de certa idade, marido de um mulher sensivelmente mais nova do que ele. Um dia vai ao médico queixar-se. Faltam-lhe forças. Já não consegue satisfazer a mulher e pede um reconstituinte. O médico fez-se rogado e consentiu por fim em dar-lhe uma injecção.
O homem volta para casa em estado de grande erecção. Infelizmente, a mulher não se encontrava em casa. A criada diz-lhe que ela tinha saído, mas não especificou a hora de regresso.
Muito embaraçado pelo seu estado e sem saber como se acalmar, telefonou ao médico.
- A injecção funcionou muito bem - diz ele - Mas a minha mulher não está! Só está a criada em casa.
- Então - diz-lhe o médico - vá para a cama com a criada!
- Mas para a criada - replicou o homem muito enervado - não preciso de medicamento!
Os dois relógios
Uma história inglesa: um homem traz dois relógios, um em cada pulso. Cada qual marca um hora diferente.
Um dos amigos admira-se: - Para quê - pergunta-lhe - ter dois relógios se não marcam a mesma hora?
- Se assim não fosse, porque havia de ter dois?

A montra
Um homem que ia a passar no bairro judeu de uma cidade viu uma montra cheia de despertadores, relógios de sala e de pulso. Como justamente precisava de consertar o seu relógio de pulso, entrou e viu-se em presença do comerciante, a quem deu parte do seu desejo.
- Lamento - disse o comerciante - mas nada posso fazer pelo senhor.
- Então porquê?
- Porque não sou relojoeiro.
- Não é relojoeiro?
- Não. Sou um rabino especializado em circuncisões. Sou circuncisador.
- Mas então, se não é relojoeiro, porque tem na montra tantos relógios?
- Ora - diz o rabino - que quer o senhor que eu lá ponha?

O homem choroso
Um homem de lendária riqueza acaba de morrer. Levam o caixão para o cemitério, com grande cortejo.
Está lá um homem a chorar muito.
- Porque chora? - perguntam-lhe - É da família?
- Não. É por isso.